2005/03/09

IV - Catequeses Quaresmais - PastUBI-A síntese entre fé e cultura

Os desafios actuais do estudante
universitário católico
– a síntese entre fé e cultura

A instituição universitária portuguesa sofreu
consideráveis
mudanças desde 1974. Por exemplo, conseguiu-se uma
ampla democratização do acesso ao ensino,
com um aumento significativo do número de
licenciados,
atingindo-se uma presença feminina notável
(as alunas representam 55,3% do total de licenciados,
com um crescimento de 198,9% desde 1991 1,2).

Por outro lado, tal como se pode ler no texto
“Presença da Igreja na Universidade e na
cultura Universitária”3 p
arece indiscutível que “a Universidade
experimenta
grandes dificuldades no esforço de
renovação requerido
sem cessar pela evolução da sociedade,
pelo desenvolvimento de novos sectores
de conhecimento,
pelas exigências da economia em crise (…).
Em certas disciplinas, afirma-se um
novo positivismo
sem referência ética: a ciência pela ciência.
A formação «utilitária» predomina (…)
e leva (…) a censurar ou a sufocar as
questões mais essenciais”3.

Perante isto, a presença da Igreja na Universidade
“tem como finalidade não só reconhecer
e eventualmente
purificar os elementos da cultura existente (…),
mas também o de acrescentar o seu valor,
graças às riquezas originais do Evangelho
e da fé cristã”4.

É este, portanto, o equilíbrio instável onde vive o
estudante universitário. Muitas vezes esta realidade
é conhecida pela primeira vez numa cidade nova,
inicialmente inóspita, e que coloca à prova
os valores morais,
éticos e cristãos, que até então o(a) aluno(a)
considerava únicos e incontestáveis.

Para acolher os futuros licenciados,
é necessário uma
agenda comum entre os vários grupos
que ajudam
os estudantes a se inserirem na vida académica.
Estas iniciativas devem ser abertas
a toda a comunidade,
e devem incluir momentos de lazer e convívio,
bem como ocasiões de diálogo e
debate esclarecido,
onde se possa, numa lógica de
“apostolado de inteligência”5,
“pescar”, como apela o Sumo Pontífice,
e cativar as mentes dos alunos mais cépticos.

Aos estudantes católicos, apesar do
trabalho intenso
que o estudo impõe, não se deve ter
receio de fazer algumas
exigências. A principal relaciona-se com a
afirmação da fé.
Esta deve ser visível nas palavras fundamentadas,
e nas acções do dia-a-dia, mas sempre
numa perspectiva
de respeito por aqueles que duvidam
ou discordam do Evangelho.
O respeito e a tolerância são um princípio
pastoral importantíssimo,
para chegarmos à experiência daquilo que Jesus
chamou
o mandamento novo do amor.

Concluindo deixo as palavras sempre
pertinentes e actuais
de João Paulo II:

“A síntese entre cultura e fé não é somente
uma exigência da cultura mas também da fé...
Uma fé que não se torna cultura é uma fé que
não é plenamente acolhida,
inteiramente pensada e fielmente vivida”6.

Uma cultura sem fé perde a referência,
e uma fé sem cultura não será um
verdadeiro Evangelho, pois
“a Fé a Razão são duas asas que conduzem a Cristo,
verdade de Deus, verdade do homem"7.

Luís Monteiro
(aluno da UBI)

Bibliografia:

1) As mulheres e o futuro de Portugal
Link para documento:
http://resistir.info/portugal/dia_mulher_08mar04.html

2)
http://www.ibe.unesco.org
/International/ICE47/English/Natreps/
reports/portugal_part_4.pdf

3) Pio Card. Laghi

(Prefeito da Congregação da Educação Católica),
Eduardo Card. Pironio

(Presidente do Pontifício Conselho dos Leigos),
Paul Card. Poupard

(Presidente do Pontifício Conselho da Cultura),
Presença da Igreja na Universidade.
Link para documento:
http://www.vatican.va
/roman_curia/pontifical_councils/
cultr/documents/rc_pc_cultr_doc_22051994_presence_po.html

4) João Paulo II,
Exortação apostólica post-sinodal
Christifideles laici, sobre a vocação
e a missão dos leigos na Igreja e no mundo, 30 de Dezembro de 1988, n. 44

5) Josemaria Escrivá, Caminho, ponto 978:
“Venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum”
- Vinde atrás de mim, e farei de vós pescadores de homens
- Não sem mistério emprega o Senhor estas palavras, os homens
– como os peixes – é preciso apanhá-los pela cabeça.
Que profundidade evangélica tem o “apostolado da inteligência”.

6) João Paulo II,
Carta autógrafa de instituição do Pontifício Conselho da Cultura,
20 de Maio de 1982, em AAS, 74 (1983) pp. 683-688.

7) João Paulo II, III Jornadas Europeias das Universidades,
6 de Março de 2005

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